O resumo de hoje é sobre o sensacional livro Adeus Aposentadoria, do Gustavo Cerbasi. Esse é um daqueles livros que abre a nossa cabeça e que realmente tem o poder de fazer a nossa vida seguir por um outro caminho.
O Gustavo Cerbasi é um dos educadores financeiros mais relevantes do país e que com certeza teve um papel fundamental para a evolução do conhecimento de finanças dos brasileiros. Ele tem uma obra muito completa de livros, que eu poderia recomendar aqui de olhos fechados, porque já li praticamente todos, mas esse em especial acho importante que fique cada vez mais conhecido, já que o problema da aposentadoria no Brasil está aumentando cada vez mais e muitas pessoas vão passar sérias dificuldades na terceira idade se não começarem a agir diferente.
Comprem e leiam esse livro, que com certeza vocês não vão se arrepender. Então, vamos ao conteúdo. A maioria das pessoas não se prepara para a aposentadoria. Mas o que acontece nas poucas vezes onde se preparam e seguem o que parecem ser as regras do jogo? Trabalham em empresas sólidas, crescem na carreira, contribuem com o plano de previdência privada e com o INSS, além de diversificar com alguns outros tipos de investimentos até chegarem à tão sonhada aposentadoria.
Infelizmente, o que acabam encontrando lá é uma grande sensação de insegurança, pois mesmo que possuam a renda complementar de todos os investimentos que construíram, na maioria dos casos ela é suficiente para manter apenas um frágil equilíbrio do pagamento de contas, que pode ser quebrado a qualquer momento por imprevistos financeiros.
como o crescente aumento dos gastos com saúde, necessidade de reformas e manutenção na moradia ou simplesmente uma corrosão exagerada da inflação. O Gustavo Cerbasi conta que o número de pessoas que relatou a ele essa mesma história é tão grande que ele só podia chegar à conclusão lógica de que as premissas e regras onde estamos nos guiando sobre a aposentadoria devem estar erradas. Não é uma questão de vencer o jogo, o jogo que está errado e precisamos fazer algo para mudar essa realidade. Isso sem falar nas pessoas que não se preparam de forma alguma para a aposentadoria, já que o impulso e os prazeres de gastar no presente ofuscam muito as recompensas que vêm de resistirmos a essas tentações e pouparmos dinheiro para o futuro.
É triste notar que, para muitos, a aposentadoria tem significado se mudar para um imóvel menor, diminuir o padrão do automóvel, contar com a boa vontade da família, isenções para idosos dos políticos e não esperar novas experiências de vida, o que em muitos casos pode acarretar doenças como a depressão.
Essas são apenas algumas das consequências das escolhas perigosas que fazemos com nossa riqueza ao longo da vida. Então, chegou a hora de mudar a maneira de pensar nas finanças. Para sugerir uma solução, é importante primeiramente entender melhor o problema, e ele pode ser dividido em três grandes grupos.
O primeiro deles é o cenário econômico desfavorável no Brasil. A Previdência Social, que sempre foi um dos pilares de sustentação na terceira idade para a maioria dos idosos, hoje parece estar deficitária e com os dias contados. Não podemos mais depender dela. O segundo problema é a inflação. O brasileiro não foi educado para lidar com seu poder corrosivo.
Muitas vezes até poupamos nosso dinheiro e vemos o patrimônio crescer, mas falhamos em notar que ele não está crescendo tanto quanto deveria para compensar a inflação e ainda render acima dela. Muitos nem sequer sabem fazer essa conta projetando cenários futuros. O perigoso é que só vamos perceber esse problema às vésperas da aposentadoria, quando notamos que, por mais que o patrimônio tenha aumentado, não será suficiente para o nosso planejamento inicial. O terceiro problema está na nossa forma de pensar.
Além de muitos não conseguirem combater a própria falta de disciplina, nossa sociedade nos ensinou apenas a fazer planos pro trabalho e pensar em quando vamos parar de trabalhar, mas não pra planejar como viver posteriormente. Chega a ser até curioso, já que praticamente todos nós conhecemos idosos em situações financeiras precárias, enfrentando todo tipo de dificuldade, mas parece que simplesmente fechamos os olhos e acreditamos que isso não vai acontecer conosco.
Não importa a nossa idade, os planos para como vamos viver na aposentadoria deveriam ser feitos desde que começamos a trabalhar. Mas nosso modelo educacional não nos preparou para isso. A solução não está simplesmente no acúmulo de patrimônio e nas estratégias alternativas que muitas pessoas adotam. Todas elas possuem fraquezas significativas. Isso novamente nos leva a crer que esse conceito de aposentadoria como conhecemos é inviável.
É interessante notar também que, além de ser inviável, esse conceito não é nem sequer desejável, já que parar de trabalhar aos 65 anos pode condenar, mesmo os que conseguem certa tranquilidade financeira, a uma vida de tédio e limitações. Usando sua própria história pessoal de sucesso como referência, já que alcançou a liberdade financeira muito cedo e poderia ter parado de trabalhar, Gustavo Cerbasi mostra que o que a maioria das pessoas realmente quer não é a aposentadoria mas sim a liberdade de fazer o que lhes agrada sem terem que se preocupar com a escassez de renda. Então, precisamos reformular a ideia de aposentadoria, pensando no aspecto emocional, na preparação para empreender e investir com eficiência, para, enfim, podemos ter uma terceira idade com independência, prosperidade e possibilidade de escolha. Mas como chegar lá?
Se nós analisarmos a economia produtiva, podemos perceber que normalmente existe o empregador, que é a pessoa detentora de capital, e o empregado, que não tem capital e vende suas horas ao empregador em troca de parte do capital dele. A questão é que, por todos os motivos já citados, como falta de disciplina, expectativas erradas sobre a aposentadoria, nossa educação e exemplos, entre outros fatores, a maioria das pessoas acaba passando a vida inteira no lado empregado, sem capital da relação, sem nunca parar para analisar o que deveria fazer para passar para o lado do detentor de capital. O primeiro passo para quebrar esse ciclo é começar a poupar recursos ao invés de gastar toda a renda e começar a multiplicar esse capital. Até aqui, tudo ainda está igual ao roteiro seguido por muitas pessoas que vimos no início do livro, mas agora que os caminhos se abram, nesse momento, de posse de uma carreira mais estável e capital em mãos acumulado no decorrer dos anos, o que impede essa pessoa de começar a colocar seu capital para trabalhar, convidando pessoas que não têm capital para ajudar a multiplicá-lo. Nessa transição do lado trabalho para o lado capital, o ideal é abandonar a ideia de aposentadoria e pensar em adotar uma atitude empreendedora.
Quando as pessoas são educadas a empreender depois da etapa de aprendizado e acúmulo de capital como empregadas, elas passam a criar perspectivas bem mais interessantes para a sua própria riqueza e também para a sociedade como um todo, já que outras famílias no futuro se beneficiarão dela. Qualquer parte do mundo será um lugar melhor para se viver quando estiver disseminada em sua população a ideia de que o jovem sem capital e com renda relativamente baixa devem se preparar para trabalhar para os mais velhos e fazer o melhor possível para multiplicar as riquezas dos seus empregadores, poupando seus recursos, até que chegue a sua vez de contratar outros jovens para multiplicar sua própria riqueza.
Esse, com certeza, é um caminho viável que poderia se tornar o padrão da sociedade, ao invés da ideia de parar, que já vimos que não funciona. O que falta é simplesmente educação e esclarecimento. É importante ressaltar que, ao usar a palavra empreender, o Gustavo Cerbasi está se referindo a uma atitude empreendedora, que pode ser abrir uma empresa, mas sabendo que nem todos possuem perfil para isso,
Poderia ser também entrar em uma sociedade como sócio-investidor, criar uma carteira de imóveis ou de ações pagadoras de dividendos, participação em leilões, atuação consultiva, prestação de serviços, enfim, qualquer ação onde usamos nossa mente empreendedora de forma mais ativa para colocar nosso patrimônio já acumulado para trabalhar para nós e se multiplicar de forma cada vez mais rápida e eficiente.
Como dito anteriormente, tudo começa com a educação. Então vamos ver como ficaria um planejamento de vida viável que poderia ser seguido por praticamente qualquer pessoa para chegar na terceira idade da forma que desejamos. Ele é basicamente um planejamento em três etapas. A etapa número um é a educação para o trabalho. Essa é aquela fase onde a maioria de nós começa, normalmente jovens, em funções mais básicas, com renda mais limitada.
O foco dessa etapa é nos educarmos de forma prática para o mercado e para a vida, lendo livros, fazendo cursos, capacitações e treinamentos, não apenas teóricos, mas também práticos, que nos ajudem a trazer mais resultados reais em nossos empregos. Isso vai aumentar o valor da nossa hora trabalhada e devemos começar a notar, pouco a pouco, um avanço de renda e de carreira. A etapa número 2 é a educação para empreender.
Quando os frutos da educação para o trabalho começam a se multiplicar e a carreira parece entrar em uma espécie de voo de cruzeiro, devemos aproveitar o momento da colheita para começar a plantar em outras searas. A ideia aqui não é abandonar o emprego. Quando a situação está sob controle, estamos recebendo com frequência propostas de emprego, entre outros sinais. Isso mostra que nossa reputação já está consolidada e já não é mais necessário um esforço muito acima da média para nos provarmos.
Provavelmente já estaremos em uma certa zona de conforto em nossa atividade profissional, fruto de experiência e competência. É nesse momento que devemos começar nossa educação empreendedora. Podemos fazer cursos de capacitação específicos, frequentar feiras de franquia, estreitar o relacionamento com a nossa rede de relacionamentos, para ter referências e inspirações e também começar a ter as primeiras experiências empreendedoras em paralelo com o trabalho principal.
Poderíamos começar com comércio digital, oferecer algum serviço que falte na vizinhança, criar um blog ou até promover nossos projetos e conhecimentos em palestras e cursos. Não há um caminho específico. Essa fase de educação empreendedora realmente se trata de acumular muito conhecimento, experiências e ideias até chegar a um ponto onde a individualidade e criatividade de cada um vão se sobressair e vamos encontrar nossos próprios caminhos empreendedores.
Sabemos por estatísticas que muitas empresas normalmente fecham suas portas em poucos anos. O ponto é que muitas vezes isso acontece porque o empresário começa o negócio sem preparo, em um momento de fragilidade financeira, muitas vezes após ficar desempregado, e já tendo que se sustentar da empresa recém-criada, retirando boas partes de suas receitas e lucros iniciais, condenando a empresa a um crescimento muito lento, que pode acabar na parte ruim das estatísticas.
Para que uma empresa nova cresça e crie raízes, é necessário justamente o contrário. Precisamos reinvestir esses lucros na empresa e muitas vezes até colocarmos um capital adicional. Por isso, que ao começarmos a empreender com calma, aos poucos, de forma planejada, em paralelo com o nosso trabalho principal, nós não vamos depender dessa iniciativa empreendedora para nos sustentar em um primeiro momento,
e vamos poder investir cada vez mais nela, deixando-a livre para crescer no decorrer dos anos de forma cada vez mais rápida e consistente até o dia em que vamos começar a colher os frutos. A terceira etapa é a educação para investir. Da mesma forma que a primeira etapa, de educação para o trabalho, nos conduz a um momento de controle na carreira, nos preparando para a próxima fase, a segunda etapa faz a mesma coisa.
Depois de passar muitos anos empreendendo com disciplina, aprendendo continuamente, às vezes em várias iniciativas empreendedoras diferentes, já que também é comum algumas darem errado, vamos chegar em um ponto onde teremos muita experiência, conhecimento e, provavelmente, um ou mais de nossos negócios terão dado frutos e estará consolidado. Essa é a hora de mais uma transição em nossas vidas, onde poderemos nos dedicar a nos tornarmos investidores cada vez mais competentes,
Notem que a palavra investir, nesse caso, não diz respeito a investimentos tradicionais no mercado de capitais. Esses devemos aprender desde jovens, mas sim algo mais complexo e sofisticado. Aprendemos a ser administradores do nosso patrimônio. Podemos fazer cursos para análise de balanços, eficiência tributária, sucessão de patrimônio para herdeiros, enfim, todo o conhecimento e capacitação para que possamos manter os negócios que já criamos crescendo e até mesmo multiplicados.
Também é um momento onde ajustamos os nossos rendimentos para que possamos recebê-los de forma mais automática e termos dinheiro com boas sobras para os nossos gastos, e também para realizarmos nossos sonhos futuros nos muitos anos que ainda virão pela frente. Nesse ponto, acho que chegaríamos onde a maioria das pessoas deseja chegar. Em um momento onde somos independentes financeiramente, sem a insegurança de não ter renda o suficiente e também com esperança para o futuro, já que nossos negócios sempre podem crescer e elevar nosso padrão de vida cada vez mais. O livro ainda conta com muito mais detalhes sobre como colocar essas estratégias em prática e, por isso, mais uma vez recomendo a leitura. Talvez, só com base nesse pequeno resumo, vocês tenham o estalo que eu tive quando li.
Quando estamos dentro do jogo, ficamos procurando as melhores estratégias para ganhá-lo, mas é difícil pararmos para pensar que o jogo como um todo pode estar errado. E esse foi o ensinamento que o Gustavo Cerbasi nos deu nesse livro e que pode realmente fazer a diferença para que muitas pessoas possam ter a vida que sempre sonharam no futuro.
Agora, confira um resumo das principais ideias abordadas:
Agora, veja as ações práticas recomendadas:
Agora, vamos às principais citações: